12.10.06

O Pai Ó enviou-me o texto e eu achei que o deveria cá deixar...

É exactamente assim que eu sinto a Maternidade:


Um dia quando o meu filho for crescido o suficiente para entender a lógica que motiva um pai, eu hei-de dizer-lhe:

- Amei-te o suficiente para ter insistido para que juntasses o teu dinheiro e comprassses uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidades de a comprar.

- Amei-te o suficiente para ter ficado em pé junto de ti, duas horas enquanto limpavas o quarto, trabalho que eu teria realizado em quinze minutos.

- Amei-te o suficiente para te obrigar a pagar a pastilha elástica que "tiraras" da mercearia e dizer ao dono: eu roubei isto ontem e hoje queria pagar.

- Amei-te o suficiente para ter ficado em silêncio, para te deixar descobrir que o teu novo amigo não era boa companhia.

- Amei-te o suficiente para te deixar assumir a responsabilidade das tuas acções, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me partiam o coração.

- Amei-te o suficiente para te ter perguntado onde ias, com quem ias e a que horas chegarias a casa.

- Amei-te o suficiente para te deixar ver a fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.

- Mas, acima de tudo, eu amei-te o suficiente para te dizer NÃO, quando sabia que me irias odiar por isso.

Estou contente. Venci, porque afinal tu também venceste. E qualquer dia, quando os teus filhos forem suficientemente crescidos para entenderem a lógica que motiva os pais, tu irás dizer-lhes, quando eles te perguntarem, se os teus pais eram maus, que sim, que eram os piores pais do mundo! E vais dizer:

"- Enquanto os outros miúdos comiam doces ao pequeno-almoço,eu tinha de beber leite com cereais ou com torradas.

- Os outros miúdos bebiam Coca-Cola ao almoço e comiam batatas fritas, enquanto que eu tínha de comer sopa, prato e fruta.

E, mais! Não vão acreditar! Os meus pais obrigavam-me a jantar à mesa, o que era bastante diferente dos outros pais.

- Os meus pais insistiam em saber onde estáva a todas as horas, era quase uma prisão. Tinham de saber quem eram os meus amigos e o que fazía com eles.

- Insistiam em que lhes dissésse que ía sair mesmo que demorásse só uma hora ou menos.

- Eu tínha vergonha de admitir mas eles violaram uma data de leis do trabalho infantil: Eu tinha que fazer as camas, lavar a loiça, aprender a cozinhar, aspirar o chão, passar a ferro a minha roupa, ir despejar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis. Eu acho que eles nem dormiam, a pensar em mais coisas para me mandar fazer.

- Eles insistiam sempre comigo para eu lhes a verdade e apenas toda a verdade, sempre a verdade.

- Na altura da minha adolescência eles conseguiam ler os meus pensamentos o que tornava a vida horrivel.

- Os meus pais não deixavam os meus amigos buzinarem para eu descer. Tinham que subir, bater á porta para eles os conhecerem.

- Enquanto toda a gente podia sair com doze ou treze anos, eu tive que esperar pelos dezasseis.

- Por causa dos meus pais, eu perdi experiências fundamentais da adolescência: nunca estive envolvido em actos de vandalismo, em roubos, violação de propriedade, nem fui preso por algum crime.

Foi tudo por causa deles. Agora que já saí de casa, que sou adulto, honesto e educado, estou a fazer o nosso melhor para ser "maus pais" tal como os meus foram.

Acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há suficientes "maus pais".

1 comentário:

Smas disse...

Eu também quero ser uma "má mãe", aliás, acho que já comecei.
Bjs